domingo, 17 de abril de 2011

Pensamentos de um dia

O dia estava triste. Foi no dia triste, escuro e um tanto chuvoso, com pancadas melancólicas de choro dos Deuses. Num andar feliz, contrariando todos os sentidos daquele dia, numa estranha felicidade calma e leve, descia eu, uma ladeira, inclinando o corpo para traz, numa tosca sensação de flutuar momentânea.

Num olhar panorâmico da rua, eu vi uma praça, em frente a uma igreja, como não haveria de ser, mas em cotidiano de descer ladeiras, nada era diferente, nada havia de me chamar atenção, a não ser uma bela mulher, que estava lá, distante e indiferente, do outro lado da rua. Eu lento, ela rápida, tinha um corpo belo, vinha em minha direção, eu a observava, sei, lembro a roupa que vestia, mas nada disso importa.

Aproximou-se, era bela, mas uma beleza cotidiana, com a cabeça baixa, numa expressão corporal triste, passo a passo. Estávamos quase nos cruzando, levemente sua cabeça se move, e só então percebo seus olhos, lindos, estagnados num observar o nada, num encontrar-se, e de toda aquela beleza cotidiana o choro dos deuses não mais importava, pois, ela estava em pranto, com lagrimas perfeitas e simples.

Indignado, me perguntei, porque só agora percebi, que de seus olhos caiam lagrimas? E toda aquela felicidade estranha, se esvai, aquela leveza, não mais a tenho, a bela não me olhou, enquanto eu a fitava, e suas lagrimas caiam, e sua respiração ofegava. Enquanto minhas costas pesavam, ela simplesmente passou, não sei para onde, não sei por que, ela com suas lagrimas, e eu com meu peso, ou o peso das lagrimas dela.

Eriko Renan

Um comentário:

Ciço .Poeta disse...

Esse cara tava muito lombrado, tava sim. '-'